— Fiquei tão feliz que saí do palco chorando. A ficha ainda não caiu — descreve a adolescente.
Mas a história da menina de apenas 1,65m que preencheu o imenso palco de 14 por 18 metros da cidade catarinense com encanto e entusiasmo é de muito antes. Aos 5 anos, já havia se apaixonado pelo barulho forte provocado pela dança.
— Ela começou no baby class com 3 anos. Eram aulas de balé e jazz. Quando passou a ver as aulas de sapateado, ficava louca. Mesmo descalça, repetia os movimentos com os pezinhos no chão e dizia: “Quando tiver a idade, é isso que vou fazer”. Ao completar 7, entrou para a turma — lembra, orgulhosa, Maristela Pereira da Cruz, de 54 anos, mãe de Rebeca.
A bailarina praticamente nasceu na Academia de Dança Tereza Petsold, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Sua mãe era secretária do local e babá de Luciana, filha de Tereza e hoje professora e coreógrafa de Rebeca. Os laços permitiram que a jovem seguisse no rumo da dança.
— Se eu tivesse que pagar essas aulas, não conseguiria — ressalta a mãe.
Mas nenhum obstáculo fez a jovem desistir do sonho. Ano passado, no mesmo festival e na mesma categoria, amargou o quarto lugar. Rebeca amadureceu seu trabalho. Depois, vieram as dificuldades para a viagem. Com a ajuda da mãe, conseguiu recursos:
— Rifamos artigos de balé e artesanatos da minha mãe. Consegui R$ 150, para três dias de alimentação.
A academia teve patrocínio do TopShopping para viagem e hotel.
Rebeca ganha bolsa e viaja em abril para Washington
Os passos firmes de Rebeca vão levá-la para muito mais longe. Em abril, a jovem parte para o DC Tap Festival, evento de sapateado em Washington, nos Estados Unidos. A conquista é fruto de duas bolsas que ela ganhou após uma aula com as diretoras do evento americano, no Festival de Sapateado Tap in Rio, este ano em Copacabana; e pelo desempenho na batalha de sapateado no Tap in Rio 2016. Rebeca vai ficar uma semana no estado americano e já faz planos de como conseguir verba para a viagem, hospedagem e alimentação:
— Vou voltar a vender bolo na escola e sapatear no calçadão de Nova Iguaçu. Também passo um livro de ouro para quem quiser me ajudar.
Professora de Rebeca, a coreógrafa Luciana Petsold ressalta sua garra:
— Ela é daquelas que, se não conseguem, treinam até conseguir.