O fim do programa deve levar milhões de brasileiros à condição de pobreza em 2021 – as estimativas variam entre economistas. A própria redução do auxílio, a partir de setembro, já levou 7 milhões de pessoas a ficarem abaixo da linha de pobreza, (renda menor que R$ 5,50 por dia) até outubro, segundo o estudo do FGV – IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).
A Atividade Econômica
O auxílio garantiu um poder de consumo a milhões de brasileiros e impediu que o impacto da pandemia sobre a economia fosse ainda maior. Economistas consideram amplamente que o benefício evitou uma queda mais significativa da atividade econômica e do PIB (Produto Interno Bruto). A redução do auxílio a partir de setembro já levou a uma desaceleração da recuperação nos últimos meses do ano. As projeções são de que o fim do programa deve dificultar ainda mais a trajetória de retomada da economia brasileira em 2021. Basicamente, acredito que o maior problema não seja o fim do auxílio, mas sim a forma como foi feita a transição e sem colocar nada no lugar dele.
Desemprego
No Brasil, 12 milhões de postos de trabalho foram perdidos de março a agosto, mas nem todas essas pessoas tentaram buscar emprego depois de terem sido demitidas – seja porque atestaram positivo para o vírus ou por falta de vagas na cidade onde moram. O auxílio permitiu esse movimento de espera para reinserção no mercado de trabalho ao garantir a dezenas de milhões de brasileiros uma renda mínima. Em 2021, sem o auxílio, a tendência é que mais brasileiros sejam compelidos a buscar trabalho, o que deve levar a um salto na taxa de desemprego, que já está em níveis recordes.
Quando falamos desigualdade, não é só desigualdade de renda: no acesso à educação, à saúde, ao saneamento básico – todas aquelas coisas que contribuem para tornar as pessoas não só mais incluídas como cidadãs, também mais produtivas. Ter esse acesso, ajuda a aumentar a produtividade da mão de obra, da força de trabalho.
Por Sheyla Motta - JBN BAHIA