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25/08/2022 às 11h34min - Atualizada em 25/08/2022 às 12h01min

Crise do Estado é o principal problema da América Latina segundo Fernando Calderón

SALA DA NOTÍCIA Verbo Nostro
Um dos mais importantes estudiosos sobre a América Latina, o sociólogo Fernando Calderón esteve neste último domingo (21), no Salão de Ideias “Para entender melhor o Brasil”, da 21ª Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto. Com mediação da professora e também socióloga Mileide Melo, o encontro com Calderón abordou questões importantes da pesquisa realizada por ele junto com o espanhol Manuel Castells, que resultou no livro “A Nova América Latina”, um retrato político, econômico, social e cultural de um continente em ebulição.

Em sua fala, Fernando Calderón citou as novas características da América Latina, como o elevado índice de urbanização que aponta 80% da população vivendo em áreas urbanas, em meio a números exponenciais de desigualdade social; crise do patriarcado, instalação do feminismo e aumento da capacidade de ação e realização das mulheres; economia criminal com tráfico e extrativismo; crescimento de forças conservadores impulsionadas por setores religiosos; força dos povos originários e afrodescendentes e dos movimentos sociais, entre outros dados.


Na opinião do sociólogo, a América Latina tem potencial para ter um papel diferenciado em nível mundial, mas não com o sistema político vigente na maioria dos países latinoamericanos. “Esse é o desafio mais importante na América Latina hoje”, disse Calderón.

Diferenças unificadas

Ao mesmo tempo em que pontua as peculiaridades regionais de um país continental, a diversidade literária brasileira também funciona como elo identitário nacional, como foi visto nas duas sessões do Mapa Literário. Pela manhã, no encontro Vozes do Sul, as escritoras gaúchas Verônica Stigger e Luisa Geisler, conversaram sobre como os deslocamentos impactam e influenciam suas escritas, processos criativos e construção de narrativas. “Me parece que nossa condição humana, hoje, é uma condição de deslocamento, onde se perde o conceito de “nosso lugar”, comentou Verônica Stigger, que vive em São Paulo há 20 anos. “Na condição de uma brasileira deslocada, percebi que perguntas como o que é ser brasileiro e, dentro desse universo, o que é ser gaúcho, por exemplo, não nos ocorre e não nos damos conta antes da experiência do deslocamento”, completou Luisa Geisler, que mora nos Estados Unidos e participou da FIL em conexão virtual.


Em uma nova sessão do Mapa Literário, desta vez, com o tema “Vozes do Sudeste”, a programação trouxe a participação da assistente social e integrante do Quilombhoje, Miriam Alves; a escritora e colunista do jornal Valor Econômico, Tatiana Salem e Érika Chiarello Andrade que mediou o encontro. “Sempre fiquei incomodada com a história do Brasil: esse negócio de conquistadores. Não existem conquistadores, são invasores”, disse Miriam Alves.

Os ambientes ao ar livre da FIL também estiveram movimentados no domingo. No espaço Ambient de Leitura, na Esplanada do Theatro Pedro II, o escritor, rapper e cantor Genival Oliveira Gonçalves, conhecido por GOG, deu voz à população invisível e destacou a importância de a população brasileira enxergar as diferenças existentes no país através das manifestações artísticas e culturais. "Tenho certeza que o Brasil estaria muito pior se não fosse o rap brasileiro", pontuou GOG. No estande CUFA, a conversa abordou assuntos do cotidiano, como sobrevivência, poesia e resistência. Jovens presentes ao espaço falaram sobre a nova geração, o futuro e o caminho para o respeito, a dignidade e a esperança.

Cultura indígena, africana e popular também foi destaque nas temáticas do dia.  A pedagoga e multiartista, Aline Nelí mediou uma história para o público infantil. “Percebemos que a sociedade não fomenta essa pluralidade. A FIL é uma ponte com essas práticas nativas, porque são culturas que têm a sua tradição oral”, disse. A Semana de Arte Moderna foi discutida neste segundo dia da FIL, que teve a participação da arte-terapeuta, Sandra Helena Valadão; da filosofa e artista plástica, Vera Lúcia Borges, e do professor de psicologia social, Sérgio Kodato que, para ele, 1922 trouxe a arte não só como o belo, mas também os conflitos de uma sociedade. “Ser terapêutico não é tanto compreender as suas neuroses, mas sim o fazer artístico. A arteterapia é um ritual de cura e de poder”, comentou.

Sobre a Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto

A 21ª edição da Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto acontece de 20 a 28 de agosto deste ano e traz como proposta de reflexão o tema “Do Caburaí ao Chuí: a força da Literatura Brasileira”.  A proposição  embasa todas as atividades e debates do evento. 

A intenção dos organizadores é que, neste ano, a FIL ofereça uma programação com atividades presenciais e outras em formato on-line, reunindo palestrantes e participantes de diversas localidades. Todas as atividades são gratuitas e abertas à população. São salões de ideias, conferências, palestras, mesas-redondas, oficinas, shows, espetáculos infantis, performances, contações de histórias, saraus e projetos educacionais, entre outras.

Sobre a Fundação

A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, responsável pela realização da Feira Internacional do Livro da cidade, hoje considerada a segunda maior feira a céu aberto do país.

Com uma trajetória sólida, projeção nacional e agora internacional, ao longo de seus 20 anos, a entidade ganhou experiência e, atualmente, além da feira, realiza muitos outros projetos ligados ao universo do livro e da leitura, com calendário de atividades durante todo o ano. A Fundação do Livro e Leitura se mantém com o apoio de mantenedores e patrocinadores, com recursos diretos e advindos das leis de incentivo, em especial do Pronac e do ProAc.

 
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