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29/08/2022 às 09h53min - Atualizada em 29/08/2022 às 09h53min

Cinturão e Rota Verde é chave para destravar investimentos chineses em infraestrutura no Brasil

Investimentos chineses no Brasil fogem do setor de infraestrutura para se concentrarem em energia elétrica

brasil247

Investimentos chineses no Brasil fogem do setor de infraestrutura para se concentrarem em energia elétrica edit

Twitter Facebook Email (Foto: Agência Brasil) Apoie o 247 ICL
 

 

Por Leonardo Sobreira 

Artigo publicado originalmente no Diário do Povo

O vice-presidente Hamilton Mourão observou em maio deste ano que investimentos chineses no Brasil fogem do setor de infraestrutura para se concentrarem em energia elétrica. Dados do Conselho Empresarial Brasil-China mostram que, dos US$ 66 bilhões investidos pela China no Brasil entre 2007 e 2020, 48% foram para o setor energético, 28% para petróleo e gás, 7% para mineração e apenas 5% para infraestrutura, com o restante sendo dividido entre agricultura, pecuária e serviços financeiros.

Na ocasião, o general da reserva destacou o potencial de ganha-ganha no setor de infraestrutura, ponto rotineiramente enfatizado por Beijing na promoção da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês), mesmo que ele tenha fechado as portas para uma adesão formal do Brasil ao programa.

“Temos que buscar esse investimento chinês, mostrando-lhes que investimentos em determinadas áreas da infraestrutura no Brasil vão beneficiá-los porque isso vai facilitar o escoamento da produção e, consequentemente, o barateamento dos produtos exportados para eles", disse Mourão, que chefiou o lado brasileiro na assembleia da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação) deste ano. “Nós somos grandes produtores de alimentos, a China precisa de alimentos, então a gente precisa trabalhar o tempo todo em cima dessa questão”.

O Brasil está somente atrás da Venezuela em termos de créditos recebidos da China. Segundo dados do Diálogo Interamericano, o país bolivariano recebeu aportes totalizando US$ 62,2 bilhões entre 2005 e 2019, seguido pelo Brasil, com 28,9 bi. A China desponta para tornar-se o principal parceiro comercial da América Latina e do Caribe em menos de 15 anos, ultrapassando os Estados Unidos, segundo o Fórum Econômico Mundial (WEF).

Em relação a projetos ferroviários, a presença da China no Brasil é pontual. Cargas de trilhos fabricados na China desembarcaram em janeiro deste ano para construção do trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) entre os municípios de Caetité e Barreiras, na Bahia. A estatal brasileira Valec é responsável pela obra, que avança.

O mais emblemático talvez seja o projeto de construção da ferrovia ligando o Brasil ao Peru, a Bioceânica, que perdeu ímpeto nos últimos anos com a priorização da rota ao Chile e a construção de uma rodovia que corta Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. O projeto tem custo estimado de R$ 40 bilhões e um estudo de viabilidade concluído pela China Railway Eryuan Engineering Group Co. (Creec).

Os impactos ambientais da ferrovia que cortaria o Parque Nacional da Serra do Divisor, área de conservação integral cobrindo boa parte da fronteira norte do Acre com o Peru, foram ventilados à época. Estudiosos então sugeriram possíveis novas rotas enfatizando o apaziguamento das tensões através de novas metodologias sofisticadas de inteligência geográfica, considerando fatores como encosta, comunidade nativa, concessionárias de mineração, agricultura, rodovias, arqueologia, usos de conservação abrangentes e usos de conservação sustentáveis.

Mais ativa no quesito ambiental e no combate à mudança climática nos últimos anos, a China vem se esforçando em estampar o selo verde em seus projetos de infraestrutura ao redor do mundo. A ferrovia que liga Mombasa a Nairóbi, no Quênia, por exemplo, corta o Parque Nacional Tsavo, o maior e mais antigo santuário de vida selvagem do país. Para conter o impacto ambiental da obra, cercas elétricas em ambos os lados da pista e passagens inferiores largas em intervalos curtos, permitindo a passagem de animais selvagens, foram erguidas. Ações de restauração também foram promovidas nos arredores da ferrovia, que vem colocando o país africano no caminho da industrialização.

A Coalizão Internacional de Desenvolvimento Verde da Iniciativa do Cinturão e Rota, estabelecida em 2019, é uma nova avenida para o estabelecimento de diretrizes de boas práticas ambientais em grandes investimentos chineses no exterior. Considerando a turbulência política que acomete a América Latina, a criação de diretrizes verdes acima da transitoriedade da política eleitoral torna os investimentos menos suscetíveis a má publicidade ao mesmo tempo em que continua a oferecer melhores oportunidades econômicas.

Nesse contexto, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, o principal órgão planejador econômico da China, anunciou em março deste ano que a China pretende formar um padrão de desenvolvimento verde para o BRI até 2030. O plano é intensificar a cooperação em novas áreas, enquanto a China incentiva suas empresas de energia solar e eólica a "se globalizem" e promove veículos elétricos e planos de transporte inteligentes e de “logística verde”. As credenciais ecológicas dos investimentos chineses são a principal chave para destravar os projetos de infraestrutura no Brasil. 

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Por Leonardo Sobreira Artigo publicado originalmente no Diário do PovoO vice-presidente Hamilton Mourão observou em maio deste ano que investimentos chineses no Brasil fogem do setor de infraestrutura para se concentrarem em energia elétrica. Dados do Conselho Empresarial Brasil-China mostram que, dos US$ 66 bilhões investidos pela China no Brasil entre 2007 e 2020, 48% foram para o setor energético, 28% para petróleo e gás, 7% para mineração e apenas 5% para infraestrutura, com o restante sendo dividido entre agricultura, pecuária e serviços financeiros.Na ocasião, o general da reserva destacou o potencial de ganha-ganha no setor de infraestrutura, ponto rotineiramente enfatizado por Beijing na promoção da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês), mesmo que ele tenha fechado as portas para uma adesão formal do Brasil ao programa.“Temos que buscar esse investimento chinês, mostrando-lhes que investimentos em determinadas áreas da infraestrutura no Brasil vão beneficiá-los porque isso vai facilitar o escoamento da produção e, consequentemente, o barateamento dos produtos exportados para eles", disse Mourão, que chefiou o lado brasileiro na assembleia da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação) deste ano. “Nós somos grandes produtores de alimentos, a China precisa de alimentos, então a gente precisa trabalhar o tempo todo em cima dessa questão”.O Brasil está somente atrás da Venezuela em termos de créditos recebidos da China. Segundo dados do Diálogo Interamericano, o país bolivariano recebeu aportes totalizando US$ 62,2 bilhões entre 2005 e 2019, seguido pelo Brasil, com 28,9 bi. A China desponta para tornar-se o principal parceiro comercial da América Latina e do Caribe em menos de 15 anos, ultrapassando os Estados Unidos, segundo o Fórum Econômico Mundial (WEF).Em relação a projetos ferroviários, a presença da China no Brasil é pontual. Cargas de trilhos fabricados na China desembarcaram em janeiro deste ano para construção do trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) entre os municípios de Caetité e Barreiras, na Bahia. A estatal brasileira Valec é responsável pela obra, que avança.O mais emblemático talvez seja o projeto de construção da ferrovia ligando o Brasil ao Peru, a Bioceânica, que perdeu ímpeto nos últimos anos com a priorização da rota ao Chile e a construção de uma rodovia que corta Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. O projeto tem custo estimado de R$ 40 bilhões e um estudo de viabilidade concluído pela China Railway Eryuan Engineering Group Co. (Creec).Os impactos ambientais da ferrovia que cortaria o Parque Nacional da Serra do Divisor, área de conservação integral cobrindo boa parte da fronteira norte do Acre com o Peru, foram ventilados à época. Estudiosos então sugeriram possíveis novas rotas enfatizando o apaziguamento das tensões através de novas metodologias sofisticadas de inteligência geográfica, considerando fatores como encosta, comunidade nativa, concessionárias de mineração, agricultura, rodovias, arqueologia, usos de conservação abrangentes e usos de conservação sustentáveis.Mais ativa no quesito ambiental e no combate à mudança climática nos últimos anos, a China vem se esforçando em estampar o selo verde em seus projetos de infraestrutura ao redor do mundo. A ferrovia que liga Mombasa a Nairóbi, no Quênia, por exemplo, corta o Parque Nacional Tsavo, o maior e mais antigo santuário de vida selvagem do país. Para conter o impacto ambiental da obra, cercas elétricas em ambos os lados da pista e passagens inferiores largas em intervalos curtos, permitindo a passagem de animais selvagens, foram erguidas. Ações de restauração também foram promovidas nos arredores da ferrovia, que vem colocando o país africano no caminho da industrialização.A Coalizão Internacional de Desenvolvimento Verde da Iniciativa do Cinturão e Rota, estabelecida em 2019, é uma nova avenida para o estabelecimento de diretrizes de boas práticas ambientais em grandes investimentos chineses no exterior. Considerando a turbulência política que acomete a América Latina, a criação de diretrizes verdes acima da transitoriedade da política eleitoral torna os investimentos menos suscetíveis a má publicidade ao mesmo tempo em que continua a oferecer melhores oportunidades econômicas.Nesse contexto, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, o principal órgão planejador econômico da China, anunciou em março deste ano que a China pretende formar um padrão de desenvolvimento verde para o BRI até 2030. O plano é intensificar a cooperação em novas áreas, enquanto a China incentiva suas empresas de energia solar e eólica a "se globalizem" e promove veículos elétricos e planos de transporte inteligentes e de “logística verde”. As credenciais ecológicas dos investimentos chineses são a principal chave para destravar os projetos de infraestrutura no Brasil. Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:O conhecimento liberta. Quero ser membro. 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