Bruno Berg, de Belo Horizonte, explica que nem só de piadas vive o comediante
Quem está assistindo da plateia deve achar fácil o ofício do humorista. Você sobe no palco e conta histórias engraçadas sobre situações corriqueiras – e o melhor: ao fim da apresentação ainda recebe por isso! Porém, a vida dos comediantes não é tão simples assim. Além do delicado processo de montar um material consistente e engraçado, nem sempre o serviço é pago.
Essa é a realidade de Bruno Berg, arquiteto de Belo Horizonte que largou as plantas de edifícios para se dedicar exclusivamente ao humor e hoje colhe os frutos de sua atitude corajosa. “Em 2007 descobri a comédia stand-up pelo YouTube e no ano seguinte me matriculei numa oficina, mas não pensava em transformar o humor em profissão. Tudo mudou ao término do curso, quando eu e mais cinco comediantes formamos o grupo Queijo, Comédio e Cachaça”, conta ele. Logo a trupe conseguiu um lugar para se apresentar.
“Convencemos o dono do Bar Canapé e passamos a nos apresentar nas noites de terça. E acabou dando muito certo. A casa estava sempre lotada e por muito tempo foi o único espaço de stand-up na cidade”, completa Berg, que ficou em cartaz por cinco anos e conseguiu fazer intercâmbios com nomes famosos como Fábio Porchat e Marcelo Mansfield.
Novos nomes
Com o passar do tempo novos nomes e espaços para stand-up apareceram em Belo Horizonte, o que ocasionou o surgimento de grupos formados por humoristas com afinidades. No caso de Berg, isso ocorreu em reuniões organizadas em sua casa com o propósito de discutir comédia.
“Em 2011 montamos o grupo Desculpa Qualquer Coisa, com quem venho realizando trabalhos interessante que vão além do stand-up. Estamos há dois anos com a peça ‘Desculpa, Não Estamos na TV’, uma comédia de esquetes feitas em conjunto – diferente do stand up, que é um trabalho solitário”, explica.
O comediante paga suas contas com o dinheiro de stand-up, apresentações em grupo e também fazendo participações num programa de rádio – mais uma prova de que fazer humor é sim um trabalho sério, mas nem sempre levado a sério por contratantes. “Já fizemos show para uma prefeitura, com o prefeito nos cumprimentando no palco, e nunca vimos o dinheiro”, lamenta o humorista, que apesar de tudo jamais se arrependeu da troca de profissões.
Abandonar a arquitetura
“Eu diria que dei sorte. Talvez se tivesse começado hoje não tivesse peito de abandonar a arquitetura. Mas na época a cena estava começando e era mais fácil se destacar, éramos novidade”, diz ele, que comemora no dia 26 de fevereiro o dia do Comediante. “Apesar de soar clichê, é um mercado receptivo para quem trabalha bem. Quem entra achando que é só contar piada, só alegria, não fica, pois é um mercado de trabalho como qualquer outro. Mas ao mesmo tempo ele é bem receptivo. Se você for original e não tiver pressa, não quiser chegar e já ser reconhecido como um Danilo Gentili, consegue fazer participações em shows de gente conhecida no circuito.”