Gosto muito de escrever. Adoro. Mas, nos últimos dias, sinto como se estivesse paralisada. Congelada. Não consigo concatenar as ideias. Não sei aonde foram parar meu senso de humor, meu sarcasmo, minha habitual ironia.
Se eu pudesse traduzir em palavras, diria que a sensação é a de estar à beira da praia, vendo a aproximação de um tsunami. Não tenho para onde correr, não sei para onde correr ou qual a atitude de autopreservação a tomar. Só tenho um pensamento: preciso tentar boiar. Não sei nadar, mas, mesmo que soubesse, de nada adiantaria. Só preciso conseguir boiar e me deixar levar, para onde? Não importa.
Nesta viagem, percebo que estou sozinha. O que, até certo ponto, me deixa mais tranquila. Sei que meus amores, meus afetos estão em lugar mais protegido. Felizmente, não estão aqui na beira da praia, à mercê da força das águas. Se tudo der certo, quando a onda seguir seu caminho, vamos nos reencontrar. Os abraços já estarão liberados, os beijos permitidos, os afagos reintroduzidos na ordem do dia.
Por enquanto, segue a contagem regressiva. Depois de amanhã? Amanhã? Hoje? Daqui a pouco?... Vai saber! Que cada um de nós possa encontrar a sua boia, bote ou um galho para se segurar.
Que venha o tsunami. Eu só quero mesmo é conseguir boiar...