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04/07/2023 às 10h54min - Atualizada em 05/07/2023 às 00h01min

Peças colocam a resistência negra no palco do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto

Questões como identidade, representatividade e desigualdade racial são abordadas por produções nacionais no FIT Rio Preto 2023, que será de 20 a 29 de julho

SALA DA NOTÍCIA Harlen Félix
https://fitriopreto.com.br/2023/
Tiggaz
 

Espetáculos que marcam a edição 2023 do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (FIT Rio Preto), que será realizado de 20 a 29 de julho, trazem ao público do interior paulista discussões pertinentes em torno de diferentes aspectos relacionados à resistência negra no Brasil. Questões como identidade, representatividade e desigualdade são tratadas em produções que foram reconhecidas pelas principais premiações das artes cênicas, como “Cárcere ou porque as mulheres viram búfalos”, “O pequeno herói preto”, “Negra Palavra - Solano Trindade” e “Desfazenda - Me enterrem fora desse lugar”. 

Produção da Companhia de Teatro Heliópolis, de São Paulo, “Cárcere ou porque as mulheres viram búfalos” (24 e 25/7, às 21h) denuncia a violenta e desigual realidade carcerária do Brasil, que atinge pessoas pretas, pobres e periféricas, e reconhece a força da resistência feminina negra. A peça acompanha a trajetória de duas irmãs, Maria dos Prazeres e Maria das Dores, cujas vidas são marcadas pelo encarceramento dos homens que as rodeiam, além de Gabriel, um jovem que sonha ser desenhista, mas que tem de aprender as estratégias de sobrevivência no sistema prisional brasileiro.

Ao mesmo tempo em que escancara o cárcere, um microcosmo onde a violência dita as regras e não poupa fracos ou rebeldes, o espetáculo do coletivo paulistano evidencia as mulheres – mães, filhas e afilhadas – em suas comunidades, na busca de alternativas para, ao menos, tentar romper os ciclos de opressão que as aprisionam em existências sem perspectiva de futuro.

Com texto de Dione Carlos e direção de Miguel Rocha, “Cárcere ou porque as mulheres viram búfalos” recebeu, no ano passado, o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor dramaturgia e música, além do Prêmio Leda Maria Martins, na categoria ancestralidade.

O recorte feminino da resistência negra também se faz presente em “E o palhaço, o que é?” (22/7, às 19h), produção da Cia. de Palhaçaria, de São José do Rio Preto, que resgata a figura de Maria Eliza Alves dos Reis (1909–2007), artista preta que, nos anos 1940, dava vida ao palhaço Xamego no Circo Guarany, em São Paulo. Considerada a primeira palhaça negra do Brasil, ela tinha o rosto pintado de branco e usava roupas masculinas, evidenciando um apagamento de sua própria identidade e gênero para aceitação do público.

 

Representatividade 

Solo do ator Junior Dantas, do Rio de Janeiro (RJ), voltado para o público infantojuvenil, “O pequeno herói preto” (23/7, às 15h e 19h) destaca o protagonismo negro por meio da trajetória de Super Nagô, um youtuber de 10 anos que descobre seus poderes através de sua família, usando os conhecimentos de seus antepassados e da natureza para transformar positivamente a vida das pessoas ao seu redor.

“O pequeno herói preto” apresenta o legado cultural afro-brasileiro de forma criativa, divertida e tecnológica, homenageando personagens históricos como Dragão do Mar, Tereza de Benguela, Benjamin de Oliveira e Tia Ciata, além de figuras da atualidade como Gilberto Gil, Elza Soares e Conceição Evaristo, e também fictícias como Lanterna Verde e Pantera Negra, super-heróis, respectivamente, da DC e da Marvel.

O FIT também reverencia o legado de Solano Trindade (1908-1974), um dos grandes nomes do ativismo e da literatura negra no Brasil, com o espetáculo “Negra Palavra – Solano Trindade” (22 e 23/7, às 19h). Parceria do Complexo Negra Palavra, Coletivo Preto e Companhia de Teatro Íntimo, do Rio de Janeiro (RJ), o espetáculo propõe uma reflexão sobre a condição do homem preto brasileiro na atualidade. 

Fruto de uma pesquisa do Teatro Íntimo denominada poema-em-cena, em que a poesia é o elemento central da dramaturgia, “Negra Palavra” desenvolve a sua narrativa a partir de um roteiro de poemas de Solano Trindade, iniciando-se na sua infância em Pernambuco e acompanhando suas andanças pelo Brasil e o mundo. “Uma eleição dramatúrgica que, ao mesmo tempo em que apresenta a importância do ativismo não só poético de Solano, mas que o levou a várias cidades do Brasil e do exterior clamando por um mundo mais justo, também explicita que os corpos dos homens pretos são movidos pelo afeto e pelo amor. Esse é um ponto fundamental: desfazer o preconceito, arraigado através do racismo institucional, que homens pretos são naturalmente violentos”, destaca Orlando Caldeira, que divide a direção artística com Renato Farias.

 

Teatro Hip Hop

Coletivo paulistano formado por artistas pretas e pretos,  periféricos, cujas produções denunciam as mazelas sociais da desigualdade racial brasileira, O Bonde volta ao FIT Rio Preto com sua peça para o público adulto, “Desfazenda – Me enterrem fora desse lugar” (26 e 27/7, às 19h). Dirigido por Roberta Estrela D’Alva, a peça conta a história de quatro pessoas pretas que foram salvas de uma guerra por um padre branco e que, desde então, vivem na fazenda desse religioso cuidando das tarefas diárias. Eles são supervisionados por Zero, um homem também preto, mas só que um pouco mais velho. Apesar de a guerra não atingir a fazenda, os quatro vivem sob um regime autoritário, que não permite nenhum tipo de questionamento.

A encenação de O Bonde recorre a linguagem do spoken word (palavra falada ou declamada), que, no Brasil, ganhou força com os saraus e batalhas de poesia da cultura hip hop. O espetáculo é fruto de um estudo da palavra numa perspectiva urbana, experimentando possibilidades de jogo da batalha de poesia (poetry slam) e do spoken word (poesia falada).  

Para dar vida à “Desfazenda”, O Bonde analisou os impactos da sociedade escravocrata sobre os corpos e o imaginário do povo preto, propondo uma abordagem política sobre o corpo – como ele se constitui, se desenvolve e se manifesta.

O Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto é uma realização da Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, e Sesc São Paulo. Parceria com o Sesi São Paulo e apoio institucional do Conselho Municipal de Políticas Culturais e Núcleo dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil.

 

Serviço:

 

FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – FIT RIO PRETO 2023

20 a 29 de julho, em São José do Rio Preto (SP)

 

Realização: Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, e Sesc São Paulo

Parceria: Sesi São Paulo

Apoio institucional: Conselho Municipal de Políticas Culturais e Núcleo dos Festivais de Artes Cênicas do Brasil

Programação completa no site fitriopreto.com.br


Ingressos: R$ 20 (inteira); R$ 10 (meia-entrada: aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública, trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciados no Sesc e seus dependentes, classe teatral rio-pretense credenciada e participantes do Festival com crachá de identificação) | Venda online disponível a partir de 6 de julho, às 18h, no site fitriopreto.com.br, no app Credencial Sesc SP ou no site Central de Relacionamento Digital (centralrelacionamento.sescsp.org.br) e venda presencial a partir de 7 de julho, às 18h, nas bilheterias do Sesc em todo o estado de São Paulo e na bilheteria do FIT (Biblioteca Municipal - exclusivamente no dia 7/7)


 
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